Tuesday, January 05, 2010

música contemporânea e seus espinhos virtuais


Nestes posts em série quero abordar detalhes específicos da música. Esperando desmistificar um pouco da aura que a música ganhou. Como a maioria sabe mistificação desenfreada só leva a estapafúrdios. Não há como dizer o que é música com certeza devido a não ser possível descobrir todas as verdades. Mas quem sabe com muita prática descobriremos o que ela não é.

Vamos pensar na escuta primeiro.

Todos nós ouvimos mas nem sempre escutamos. Isso acontece com a atenção que voltamos aos nossos amigos e parentes. Com a música então...
Uma coisa é os sons entrarem pelo nosso ouvido. Outra coisa é nosso cérebro prestar atenção a esses sons e uma terceira coisa ainda é refletir sobre os sons que foram registrados na memória.

--Nesse ponto um pequeno interlúdio para considerar a Música de Concerto, chamada música erudita e/ou música clássica. Essa música que é um fruto da sociedade ocidental nem sempre foi uma música feita para pessoas com poder e posses, antes e depois disso ela surgiu de vários contextos. Hoje sem sombra de dúvidas ela vai muito além do público abastado. O maior público da música de concerto hoje é o que deseja ouvir esse tipo de música, se tem dúvida do que falo vá a algum concerto.--

A princípio essa música se utiliza de recursos artísticos que necessitam do terceiro estágio do processo de escuta que citei antes, reflexão. Isso não acontece sempre, mas é o que um compositor espera ao entregar uma obra para uma audiência.

Esse processo que o som percorre atravessando o ouvido, a nossa atenção e então nossa reflexão parece um pouco complicado a princípio devido a natureza abstrata da música. Parece não valer a pena executar todo esse processo em nossa mente se queremos só obter prazer pela escuta. Mas nesse ponto acontece um equívoco que muita gente que sabe não fala. É possível obter satisfação sim através de um processo de reflexão mental, e como.

Um fato que é verdade e que alguns até conhecem é a atividade da escuta. Aaron Ridley em seu livro A Filosofia da Música fala que, "música não é um exercício passivo, como ser sujeitado a barulho, mas uma atividade. Portanto como qualquer atividade, é algo em que podemos ficar melhores"

Esse melhorar da escuta depende de estudos musicais? Não, pelo menos não os formais. Uma forma de encarar experiências musicais, novas e velhas, que tenha boa vontade em apreciar e refletir sobre as conjunções de sons certamente descobre mais do que imaginaria sobre música.