Wednesday, November 03, 2010

Público em sala

Um aluno perguntou se esperávamos ter grande público na Bienal de Música Contemporânea.
Sim esperamos, mas como grande público entendemos uma quantidade que chegue a encher o teatro em que se apresenta o concerto. Nada mais, nada de fãs em frenesi e dezenas de seguranças.

A música de concerto nunca teve popularidade como acontece com artistas que tem um público realmente massivo como alguns de hoje em dia. Quem fazia questão de ouvir, fazer e sustentar a música de concerto sempre foi a elite. Elite essa que compreendia na época quem tinha o poder financeiro na sociedade. Para dar alguns exemplos Mozart sempre teve que travalhar para a aristocracia e Haydn foi o Kapellmeister da família depríncipes de Eszterházy.

Obviamente isso mudou. Mas o público da música de concerto sempre se manteve. Mesmo após os grandes meios de comunicação se desenvolverem tanto no início do Séc. XX e trazerem consigo a cultura massificada.

Com nenhum esforço pode-se constatar que, hoje em dia, se existe uma elite que ouve, faz e sustenta a música de concerto essa elite não detém poder financeiro que seja relevante de nenhuma forma na nossa sociedade. Muitas vezes o contrário disso. Pessoas de origem pobre, ficam curiosas, interessadas e acabam por se tornar músicos de grande experiência e domínio na música de concerto.

Muito menos se pretende que essa música fique restrita a um punhado de pessoas. Desconsiderando pedantes de plantão que insistem em usar esse tipo de música como um divisor para a sua "superioridade" o que muito se tenta fazer é compartilhar esse tipo de música. Pergunte a alguém que faz esse mesmo tipo de música quantas vezes ele já compôs, regeu ou tocou de graça. Só para poder compartilhar sons.

O público nunca vai fazer o teto de um teatro cair num concerto, mas essa nunca foi a idéia. Não falo por todos, mas por mim e por alguns amigos, conhecidos e também desconhecidos. O que tentamos fazer é aumentar a quantidade de opções.