O que leva um compositor a escrever música que é considerada estranha por um grande número de pessoas? Ele quer ser deliberadamente desconhecido ou apenas fazer pose de diferente da maioria das pessoas?
A música contemporânea não é só o que toca na rádio nos últimos anos. Não é só formada por Katy Perry, Chico César, Madonna, Funk, Radiohead, Roberto Carlos, Jazz, Adele, Paula Fernandes ou tantos outros. Existe uma enorme vida musical além desses nomes tão conhecidos. Música contemporânea também é o trabalho de incontáveis compositores que estudam e praticam a música de concerto (também chamada de música clássica), seja exclusivamente ou seja misturada com a música popular, a música tradicional e/ou música folclórica.
Esse jeito de fazer música sofre influências diretas da herança dos compositores dessa música de concerto, tantos compositores quanto possível descobrir ao longo de toda a história da música (e essa só é mais ou menos relatada dos gregos até os nossos dias, são influências tanto Beethoven quanto Debussy, Bach, Gesualdo (século XVI) ou Stockhausen.
Esse tipo de música contemporânea a que me refiro usa maneiras, sons, acordes e possibilidades de um jeito bem diferente dos que foram usados na música clássica ou que são usados em muita música a que chamamos popular. Sempre com a vontade de cada compositor de criar um universo particular seu.
Muitas vezes é uma música chamada de atonal, já que elas muitas vezes não tem Tom, mas colocá-las todas sob um mesmo nome não é fazer justiça.
Mas porque essa música é estranha em primeiro lugar?
Porque essa música não tem melodia, harmonia, pulso ou até afinação? Música é uma construção de uma cultura (sendo a cultura globalizada uma cultura de grandes proporções com variações internas, mas na qual acontece uma frequente troca de experiências). Cultura é algo que todos temos desde que nascemos, pois seja qual for alguma cultura sempre nos rodeia, e ela pode vir a incluir outras culturas quando se conhece outras pessoas e outras realidades.
Então, por consequência, se você tivesse nascido noutra época ou noutro lugar, estranha seriam as músicas que se ouvem no rádio daqui.
Que o diga a música européia religiosa do século 14... Jacopo da Bologna